quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Puto

Ya, do se bem, alte fixe bacaninho e coiso e tal...cada vez entendo menos o filho dos meus vizinhos do 4º andar. O arremelgado do catraio não atina três letras sem fazer da língua portuguesa uma mulher de 80 anos com botox no nariz, ou seja, uma coisa tremendamente feia e a precisar de papel mata borrão ou de uma dispensa escura.
Quem o vê agora tem que encontrar semelhanças extremas com uma catatua dos confins da selva Amazónica, mais para o lado guarani que charrua, que é como quem diz mais Paraguaio que Uruguaio. Aliás a forma como ele desintegra o dicionário português só é comparável a um nativo do Brasil sertanejo a tentar esmiuçar o sistema informático de um aparelho de ar condicionado debaixo de uma soalheira tórrida de 45 graus, tendo ao seu lado um guarda sol aberto mas que se recusa a utilizar.
É nestes momentos que a lógica não passa de um contentor do lixo a arder numa rua de Atenas ou de Paris durante um tumulto estudantil, tendo estampado um autocolante que diz “Cocktail Molotov Mata”, numa clara alusão às quiló-calorias presentes numa fatia do famoso doce esponjoso e peganhento e que só perde em número de fãs para o terrivelmente manhoso doce da casa, pois ninguém resiste a tentar saber a marca da bolacha que está no fundo da taça e como diz o ditado popular “a curiosidade matou a fome”, mesmo sabendo que qualquer gato gostaria de ter um ditado popular só para si.
Pior do que presenciar a coisa é começar a reconhecer-lhe tanto dejá-vu que pensamos que das duas uma: ou estamos a ficar loucos ou então molhar camarão tigre em leite com chocolate é algo tão natural como atirarmo-nos de um arranha-céus e cairmos de cara no chão, só porque temos manteiga no canto da boca, porque não há física que consiga contrariar a Lei de Murphy.
O lado triste deste filme de produção manhosó-nacional é ver que a recuperação do jovem está seriamente comprometida por obra e graça do macho progenitor, verdadeiro pintas da cena alfacinha, saído directamente de um qualquer bas-fond oitentista em cujo escuro espaço regurgitou pelo nariz, durante anos, o fumo impregnado de nicotina que exalava pela boca, na esperança de que o seu farfalhudo bigode filtrasse as toxinas que anos mais tarde lhe causaram graves problemas bronco-respiratórios, pois produz tanto ruído no processo de inspiração/expiração que é uma bronca conseguir dormir no raio do prédio ao mesmo tempo que o homo de neerdental do 4º andar deita a careca coçada na fronha encardida da almofada.
Este exemplar acabado da estupidez pós revolucionária que trata a esposa por Delfina apesar de estar casado há mais de 30 anos com ela e no acto do matrimónio ter aceitado casar com a sra. Josefina Magalhães, afinal de contas verdadeiro nome da infeliz consumidora crónica de barbitúricos, é um fã incondicional das conversas apatetadas da cria de ambos, exibindo o cacarejar do pirralho aos amigos como quem exibe uma aguardente melosa de Monchique a três jovens que apenas tentam fazer o seu trabalho.
A minha insistência para que as visitas desta dupla de três múmias sejam cada vez mais esporádicas esbarra sempre no bestial ensopado de borrego que a minha esposa insiste em oferecer antes das reuniões de condomínio, ás quais por incrível que possa parecer, todos os habitantes deste prédio outrora devoluto comparecem em massa, fazendo do nosso humilde lar um autêntico centro de congressos, ao qual só falta a disposição do set up em teatro ou cabaret, apesar das longas pernas e curtas minisaias da vizinha do 1º andar darem um certo ar de cabaret ao ajuntamento.

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